Não é de hoje que se ouve
falar em certas raças de cães que carregam o estigma de violentas e
traiçoeiras. Dentre estas, está o pitbull, o rottweiler, o fila e o chow-chow.
Isso porque nem todos os animais aceitam de bom grado os maus tratos que são
infligidos aos cachorros sem raça definida ou de menor porte. Cada cachorro
tem o seu temperamento próprio que pode ser açucarado ou apimentado de acordo
com a criação que recebe desde as primeiras semanas de vida. A sua
personalidade vai sendo construída a partir do seu nascimento e à medida em que
cresce se acentua ainda mais para o lado
da mansidão ou da fúria conforme as informações positivas ou negativas
que acumula ao longo da sua existência. Os cães se baseiam unicamente no
instinto de autodefesa, defesa do seu território e defesa do seu dono. Eles
não têm a capacidade de raciocínio para saber o que é certo e o que é errado. Mas,
o seu proprietário tem e, portanto, ele é o único responsável por tudo o que o
seu animal fizer contra a sua família ou a terceiros.
Qualquer cão confinado a um espaço reduzido, acorrentado ou não, onde não tenha contato com outros cães ou outras pessoas além do seu protetor, desenvolverá uma natureza antissocial e doentia.
Antes de se adquirir um cão
de raça, é necessário que se faça um levantamento sobre a origem do filhote em
questão. Geralmente quando cachorros da mesma ninhada se cruzam, os filhotes
que nascerem dessa relação de parentesco tendem a ter um comportamento
agressivo e fora do normal aos padrões estabelecidos. Se não quiser ter
surpresas desagradáveis mais adiante, investigue antes o histórico do animal.
Descartada a hipótese de uma origem incestuosa, o comportamento do cãozinho vai
depender exclusivamente da educação que o seu dono proporcionar. Portanto, não
basta dar uma excelente ração e água em abundância, banhos mensais nos melhores
Pets da cidade e uma caminha quente e macia num local adequado a um bom
descanso. Isso não é suficiente se o dono não tiver tempo para passear com o
cão, levá-lo ao veterinário quando notar que algo inusitado está acontecendo.
Ou seja, ele é um ser vivo e, portanto, merecedor de atenção e cuidados.
A cada dia cresce o número de
cães abandonados nas ruas. Deixados para trás por motivo de viagem, mudança ou
descaso mesmo. O que fazer, então? Paralelamente ao abandono, também tem
crescido o número de cães que são adotados por pessoas que se compadecem da sua
situação. Mas, isso não é o suficiente. As pessoas precisam se conscientizar
que um cãozinho não é um brinquedo que a qualquer momento pode ser descartado.
Precisam saber que todo cãozinho nasce inocente, frágil e carente de amor. Se
eles forem criados sem gritos, longe de ruídos estrondosos, em ótima companhia
e passeios regulares, há grandes possibilidades de se tornarem cães tranquilos,
bons companheiros e dóceis, por mais que a sua raça carregue a fama de brava.
Espero que as pessoas
percebam, dentro de pouco tempo, que o rottweiler, o pitbull, o fila e o
chow-chow não são culpados por esse estigma de cachorros sanguinários e sim o
homem que não sabe educá-los da maneira correta. A raça humana é a mais
perigosa que, visando um lucro sujo e repugnante, incentiva a violência com
rinhas de galo clandestinas e as famosas touradas; que comercializa animais sem
os devidos cuidados quanto a procedência dos mesmos; que mata pelo simples
prazer de matar; que usa a inteligência para o mal e trata os animais como
meros produtos de reprodução em massa. Desconfiemos dos homens que não gostam
de cachorros mas confiemos de olhos fechados nos cachorros que não gostam de
certos homens.
Elisabeth Souza Ferreira
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