domingo, 25 de outubro de 2020

CAUTELA

 

                                                         

       






        Às vezes, ou melhor, quase sempre, quando um homem se cuida na alimentação e no vestuário; tem bom gosto na escolha de um carro ou moto, costuma atrair os olhares femininos, ainda mais se tiver boa aparência e for simpático.  Mas o que não passa pela cabeça das pessoas num primeiro momento é o fato de que ele, muito embora, pareça ser independente e viva de maneira um tanto quanto liberal, na verdade não está sozinho pois atrás de um homem que ostenta uma pele bem cuidada, que usa roupas e calçados de marca e se locomove em veículos de alto preço, certamente deve existir uma mulher que o cuida muito para que ele se apresente dessa forma em sociedade.  E é por isso que muitas se encantam pelo embrulho que veem sem imaginar que alguém deve ter fechado aquele pacote e colocado um laço de fita bem chamativo para deixá-lo mais bonito do que realmente é.  Portanto, é preciso ter cautela porque as aparências enganam. Geralmente homem bem cuidado e seguro de si tem compromisso afetivo com alguém.  Mesmo que não revele nas redes sociais o seu verdadeiro status de relacionamento.  Aliás essa é uma tática bem comum usada pelo sexo masculino pois dá margem para cantar e ser cantado.  Atrair alguém nessas condições nunca termina bem.  Ainda mais quando existem muitos interesses em jogo.  O homem que usa dessas artimanhas para seduzir alguém frágil e carente deve pensar duas ou até três vezes antes se vale a pena colocar em risco um relacionamento baseado no amor por uma aventura passageira e longe das vistas do público.  Nada fica oculto por muito tempo.  Sempre aparece uma pontinha do véu por mais que se tente esconder. Muitas curtidas na mesma página, mensagens muito afetuosas e extensas de aniversário e conversinhas in Box fora do horário padrão podem levantar sérias suspeitas. E as consequências podem ser desastrosas.  Recomenda-se cautela. 

         O que realmente deve importar em matéria de relacionamento não são as aparências – se o homem é gordo e a mulher é um palito – se a mulher é feia e o companheiro é lindo – se há muita diferença de idade entre os dois ou não -  se um é extremamente mais alto que o outro ou se têm a mesma estatura – se são duas mulheres ou dois homens que caminham juntos porque isso é preconceito.  O que tem valor  é o sentimento que cada um carrega em si mesmo.  Essa deveria ser a única meta a ser atingida na vida a dois.  O verdadeiro tesouro a ser preservado pois nem o tempo nem os obstáculos conseguem destruir. 

                                                                Elisabeth Souza Ferreira

SINAIS DE ALERTA







         

            É impressionante como as doenças se manifestam silenciosamente no início e antes mesmo que avancem com o seu poder destruidor, o organismo humano vai apresentando diversos sinais de alerta com o intuito de mostrar que nem tudo vai bem.

        Vou relatar aqui dois casos distintos dos quais tomei conhecimento e que vale a pena compartilhar com os demais.

             Alguns anos atrás eu conheci uma moça muito elegante e cheia de vida. Pouco a pouco, ela começou a engordar como se estivesse grávida e isso a preocupou bastante porque tinha certeza de que não estava gestando um bebê. Procurou um médico na capital e foi diagnosticada como portadora da Síndrome do Intestino Irritável.  A partir daí, iniciou um longo tratamento que não surtiu efeito. Mesmo assim, tinha esperanças de melhorar até que um dia teve uma crise de falta de ar e foi levada às pressas para o hospital.  Lá constataram que ela estava com água nos pulmões e agiram no sentido de extrair esse líquido cuja origem era desconhecida.  Realizados todos os procedimentos necessários para esse fim, os médicos se reuniram para tentar achar de onde vinha esse problema.  Finalmente, descobriram que ela estava com ascite (barriga d’água”, o que indicava a presença de um ou mais tumores já em adiantado estado em algum dos seus órgãos físicos. Foram feitos inúmeros exames para chegar até o órgão doente. Chegaram à conclusão que a origem de tudo era um câncer de útero. Teve que se submeter a uma cirurgia de muitas horas para a extração do útero, trompas e ovários que também estavam comprometidos. Após a sua recuperação, teve que partir para as sessões de quimioterapia, o que lhe garantiu uma sobrevida de dois anos. Se o diagnóstico tivesse sido feito corretamente desde o princípio, acusando a presença desse tumor maligno, ela teria mais chances de cura e sobrevivência. Infelizmente ela faleceu apesar de todos os esforços para resgatar a própria saúde e bem-estar.

            Outro caso que vale a pena registrar é o de uma mulher que deixara de ser jovem há bastante tempo, aparentemente saudável que passou a se queixar de dores na região do tórax que se intensificavam à medida em que o tempo passava. Sua filha, preocupada com a situação da mãe, encaminhou-a para uma série de exames que identificassem o problema. Após inúmeras consultas, o médico verificou que ela estava com duas costelas quebradas. Os familiares queriam saber se a paciente havia sofrido algum tipo de queda ou agressão que justificasse essas fraturas.  Ao ser questionada, a mulher respondeu que não havia caído nem batido o tórax em nenhum lugar. Começaram, então, as investigações médicas a fim de descobrir a causa de tudo isso.  Após minuciosos exames, constataram que se tratava de câncer nos ossos e era esse mal que estava tornando os mesmos tão fracos e quebradiços. Como se tratava de uma pessoa de idade avançada, a família resolveu não submetê-la à quimioterapia, preferindo, então, o tratamento da Medicina Ortomolecular. Nesse tipo de tratamento, a paciente recebe uma dose grande de medicação para fortalecer o seu sistema imunológico a fim de que tenha uma qualidade de vida nos anos que se seguirem.  Esta senhora enfrentou a doença desde o princípio, passou por inúmeros problemas e somente depois de cinco anos é que veio a falecer.

           Por isso, acho que temos a obrigação de nos cuidar e ficarmos atentos aos sinais de alerta que a vida nos oferece, fazendo um check up completo por ano a fim de detectar os problemas de saúde que, porventura, já existam ou venham a surgir. “É mais fácil prevenir do que remediar”, como diz aquele ditado. E nada é mais importante do que levarmos uma vida saudável e produtiva.

                                                           



                                                                Elisabeth Souza Ferreira

         

         

A INVASÃO DO TIBET


          Em 1950 os chineses comunistas invadiram o Tibet, um país pequeno e pacífico, liderado pelo Dalai Lama, seu chefe político e religioso que, prevendo o cerco de Mao Tsé Tung para tirar-lhe do Poder, conseguiu fugir a tempo e se refugiar na Índia, onde até hoje vive e conduz tranquilamente os rumos do Budismo Mahayana. Ele teve proteção para sair fora e evitar o pior mas, o povo que lá ficou foi massacrado da pior forma possível. A primeira coisa que o comunismo destruiu naquele país foi a religião. Os templos budistas foram violados e seus monges, torturados até à morte. As monjas, por sua vez, foram estupradas centenas de vezes e mortas também. As Escrituras Sagradas, transmitidas por respeitáveis Lamas através de incontáveis gerações foram queimadas e as imagens, destruídas pelo fogo. Os templos foram transformados em prostíbulos para os soldados chineses, além de terem sido roubadas todas as suas riquezas. O povo humilde que vivia uma vida simples, basicamente da agricultura e artesanato perdeu a sua dignidade desde que o domínio comunista começou. Tornou-se escravo daquela gente fria e violenta que não admitia nenhuma demonstração de fé ou iniciativa patriótica. Acabaram com as famílias existentes, tirando as mulheres dos seus lares e obrigando-as a se relacionarem com os homens chineses para dar início a um povo miscigenado, roubando-lhes  o direito de um povo puramente tibetano.

       O ditador comunista e seu regime governamental é responsável pela morte de milhões de pessoas não só na China como em outros territórios que ficaram sob o seu domínio, inclusive o Tibet. Quem não se enquadrava aos seus moldes de governar era eliminado na hora para servir de exemplo aos demais. Ele chegou ao ponto de dizer o que e como as pessoas deveriam plantar. E sem conhecimento do solo, ditou absurdos e acabou causando grandes estragos na lavoura, o que levou o país ao caos e a sua população a fome. 





Destruíram as ideias nativas, os hábitos e cultura dos povos sob o seu jugo. E assim foi até a sua morte. Neste ano, 2019 está completando 70 anos que esse regime comunista foi implantado na China. Muita coisa mudou de lá para cá. Mas, o que mais me impressiona é que existam pessoas ainda hoje que se intitulam budistas, adoradores do Dalai Lama e suas sábias palavras e, mesmo sabendo de todos esses horrores que os chineses comunistas praticaram contra os monges e monjas tibetanos em 1950, ainda sejam a favor de um regime ditatorial que tentou das maneiras mais sórdidas destruir a religião e os costumes de um povo simples e pacífico como o tibetano. Parece, segundo os mais estudiosos, que não tiraram nenhuma lição dessa parte trevosa da História porque, na verdade, nem chegaram a conhecê-la profundamente para aprender algo com ela.

                                                             Elisabeth Souza Ferreira

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

TRISTE DENÚNCIA



       Todas as semanas eu via a mesma mulher acompanhada do marido na primeira fila de cadeiras do Centro Espírita. Ia rezar com muita devoção do começo ao fim. Sempre sorridente e aparentemente tranquila com um leve tique nervoso nos olhos. Quando ganhou o primeiro filho, levou a criança para nos apresentar e ser abençoada. Depois deste, vieram mais uns quatro meninos que a acompanhavam durante as sessões. O marido se ausentara nos últimos anos. Certa vez, contou-nos que ele estava internado num Hospital Psiquiátrico para tratamento de uma esquizofrenia. E que era impossível continuar com ele em casa. Não entrou em detalhes mas deu para imaginar o drama em que vivia. O tempo foi passando e às vezes nos encontrávamos pelas ruas. Ela foi ficando visivelmente mais envelhecida e descuidada quanto à aparência com o decorrer dos anos.

       Um dia, eu a vi triste e sem o sorriso costumeiro nos lábios. Paramos para conversar uma com a outra e logo ela desandou num choro convulsivo. Ela estava desesperada. Sozinha e com uma escadinha de filhos para sustentar, fazia o que podia para ganhar a vida. Era revendedora do Avon e vendia sempre que possível alguns produtos de beleza em troca de uma pequena comissão. O companheiro passava uma temporada em casa e outra internado. Ela mantinha o lar com sacrifícios. Não era fácil. Uma tarde, deixou os três filhos menores por breves minutos enquanto ia cobrar uma dívida nas redondezas e quando voltou, percebeu que havia duas mulheres e um homem com seus filhos, aguardando o seu retorno. Era o pessoal do Conselho Tutelar que havia recebido uma denúncia por parte de vizinhos de que ela estava habituada a deixar as crianças trancadas em casa para sair e beber nos bares da vida. E diante disso, eles se achavam no direito de retirar os menores da sua guarda até que a situação se normalizasse. Pegaram os três meninos que estavam assustados, chorando e se agarrando às roupas da mãe para não serem levados por aquela gente desconhecida e simplesmente foram embora, ignorando os apelos daquela mãe solitária e aflita que tentava em vão entender o motivo daquela violência insana. O mais novo ainda era um bebê de colo que ela amamentava com todo amor como fizera com todos os demais. Era pobre mas rica de sentimentos e estava disposta a fazer qualquer coisa para ter os seus rebentos de volta. Eram seus companheirinhos de jornada terrena, seus únicos motivos para lutar e sobreviver. Chorou a noite inteira sem ter um ombro amigo onde reclinar a cabeça. No dia seguinte foi até a sua mãe para contar-lhe o ocorrido e abraçar bem forte os filhos mais velhos que lá se encontravam. Estes foram poupados pois não estavam juntos com os outros quando da visita dos conselheiros. Se estivessem, também teriam sido levados daquela forma fria e repentina.

       Não sei se ela tinha conhecimento da Lei ou se ignorava a mesma, agindo de boa fé sempre que saía para entregar algum produto ou cobrar alguma encomenda. A verdade é que seus filhos não estavam abandonados. Ela não os trancafiava, tanto é que eles puderam abrir a porta para os conselheiros tutelares. Não estavam chorando nem mal alimentados. Estavam brincando e assistindo TV. Todos limpinhos. Esperando por ela que não se demorou. Infelizmente teve o azar de ser denunciada por algum desafeto seu nas imediações e sofrer a retirada de suas crianças de seus braços, de seu colo, do seu lar. Moradora de um bairro distante do centro da cidade, não sabia para quem apelar. Gritava, chorava, se desesperava em busca de seus pequenos de um lado para o outro. E assim passou mais de um ano distante de seus filhos, sem saber aonde estavam nem na companhia de quem estavam. O que lhe informavam era que as crianças estavam separadas umas das outras, em casas de conselheiros tutelares e totalmente sem poder entrar em contato com ela. Quando ela terminou de me contar o seu drama em plena rua, eu fiquei chocada com o seu problema. Não sei se a versão dela era a verdadeira mas acho que ela não merecia ter passado por tudo isso. Foi uma violência inconcebível e traumática tanto para as crianças como para essa pobre mãe. Aos poucos, sua vida foi voltando ao normal quando seus meninos foram devolvidos. Desde então, muitos anos se passaram.

       Este ano, tive a grata satisfação de vê-la trabalhando num supermercado e tratando a todos com o mesmo sorriso com que a conheci. As pessoas que passavam por ela nem de longe poderiam imaginar que, por trás daquele semblante amável e gentil muitas lágrimas rolaram, queimando seu coração de tanta dor... Eu bem posso imaginar as cicatrizes profundas que aquela mãe, aquela pobre mulher guerreira carrega nos recônditos da sua alma...                                                          

                                               



                                                                 Elisabeth Souza Ferreira






 

                       

OBSERVANDO O PERFIL




      Observando o perfil de muitas mulheres que são amigas de amigos meus, pude perceber que, ou elas ocultam o seu verdadeiro estado civil para angariar simpatizantes do sexo oposto ou realmente estão sem um padrão definido no tocante aos seus relacionamentos. E o número é bastante considerável ao se comparar com o dos homens que, quase sempre, têm compromissos sérios. É uma disparidade enorme. Um excesso de mulheres para uma escassez de homens. São muito poucas as que ostentam a vida em família e lares aparentemente perfeitos. Mas, sabemos que nada é perfeito neste mundo. Atrás de muitos sorrisos, escondem-se muitos conflitos íntimos e as aparências procuram enganar aos que não se detêm numa observação mais apurada. Em contrapartida, outras exibem roupas inadequadas que deixam o corpo à mostra numa tarefa provocativa de sedução. Em certos casos, dá para sentir o desespero para fugir da solidão como se o sexo fosse preencher o vazio de uma alma atormentada e sedenta de amor.

      Diante de tantas ofertas na internet, o comportamento masculino mudou muito. Mesmo casados, a grande maioria gosta de pular a cerca uma vez ou outra para experimentar se a comida do vizinho é melhor do que a sua. Mesmo tendo a melhor ração em casa, há os que se dedicam a revirar o lixo em busca de novidades. Nos tempos do falecido Orkut, havia a opção de um relacionamento aberto. E muitos comprometidos aderiram a essa ideia enquanto as suas companheiras ainda não sabiam manejar muito bem os segredos de um computador. Paqueravam, marcavam encontros e por aí afora. Sem que as esposas desconfiassem de nada.

       Mas eram outros tempos.

     Hoje, no entanto, os que simplesmente namoram, mesmo sem levar o relacionamento tão a sério, parecem estar, eternamente, buscando carinhas novas de olhos claros para adicionar  no Facebook, sempre tendo o cuidado de colocar as que julgam ser desimpedidas e com interesse no sexo oposto. E o número de novas amigas vai crescendo... Só que as namoradas não são tolas. Elas cuidam, analisam e investigam mais do que o FBI e acabam descobrindo todos os passos das suas possíveis rivais nos mínimos detalhes que nem os seus parceiros conseguem chegar a tanto. Essa busca incessante, por parte dos homens e das mulheres, demonstra insegurança em relação aos seus sentimentos pois com a modernidade, já não há mais garantia de que alguém permanecerá ao seu lado por muito tempo. Muitos valores se perderam à medida em que o mundo foi evoluindo. Os homens raramente se concentram nas parceiras que estão ao seu lado, preferindo lançar um olhar curioso para as moças que estão distantes em perfis chamativos, porém, vazios.  Mal sabem eles que a vida é curta e que as mulheres que oferecem um amor verdadeiro são raras. Não vale a pena arriscar um relacionamento sincero e puro por uma ilusão passageira e sem grandes chances  de continuidade.

                                                                 Elisabeth Souza Ferreira


NADA JUSTIFICA...



           Quando iniciei o meu desenvolvimento mediúnico no Centro Espírita Bezerra de Menezes, tive a oportunidade de conhecer e conviver com grandes mulheres que muito me ensinaram com seus exemplos e experiências. Dentre estas, uma bem jovem e mãe de três filhos pequenos, que mais tarde vieram a ser meus alunos do curso de evangelização, deixou-me bastante intrigada desde o começo. A primeira impressão que se tinha ao observá-la, era de que se tratava de uma pessoa normal, elegante e bonita. Mas, quando ela falava, aparecia um papo em seu pescoço e sua voz ficava um pouco rouca. À medida em que o tempo passava  e ganhávamos  um certo grau de intimidade uma com a outra, certa vez, criei coragem e perguntei-lhe se ela sofria de algum problema na tireóide que justificasse aquela saliência sempre presente nas conversações. Ela contou abertamente para todo o grupo a razão daquilo acontecer. Deixou-nos pasmos com a sua explicação. Na verdade, não era nenhuma doença. Ela sofria tanto por causa de seu casamento fracassado, marido violento e viciado em álcool que, um dia, não aguentando mais tanta pressão, resolvera tomar soda cáustica para ver se conseguia ir logo para o outro lado. Como não conseguira o seu intento, tinha que conviver, além do inferno em família, com a sequela que ficou de sua atitude impulsiva e nefasta. Naquela altura, ao ver a nossa expressão horrorizada de um silêncio estarrecedor e, antes que fizéssemos a pergunta que não queria calar, ela nos disse que não se separava do marido porque era espírita e esse era o seu carma. E seguia a vida aos trancos e barrancos, tendo três crianças para criar e sofrer junto com ela. Morou bastante tempo em Passo Fundo e depois se mudou para Porto Alegre, a princípio e acabamos perdendo o contato. Não sei o que aconteceu com ela depois disso. Outro caso semelhante foi de uma senhora muito querida e simpática que participava das nossas reuniões e tinha uma visível aparência de quem sofrera um derrame muito severo pois estava cega de um olho, o rosto repuxado para um lado como se tivesse tido um espasmo grave e uma certa dificuldade para caminhar. Certa ocasião, contou-nos que tinha sido uma mulher muito bonita antes de sofrer um ataque violento do marido (alcoolizado provavelmente) que a levantou pelo pescoço e fincou-lhe a cabeça repetidas vezes contra a parede, o que fez surgir, dentro de pouco tempo, um câncer na cabeça. O tumor pôde ser removido com sucesso mas o fato de ter passado por uma cirurgia delicada deixou-lhe essa sequela terrível para o resto da sua vida. Ela também dizia que não se separava porque era espírita e esse era o seu carma. Essa grande guerreira aguentou firme o tempo todo e hoje está bem melhor, viúva e seguindo em frente a sua vida, estudando e fazendo as suas peças de artesanato. Estes dois casos servem para ilustrar o drama por que passam milhares de mulheres em todo o mundo que sofrem violência doméstica e se calam em nome da religião, com medo da danação eterna. Isso sem falar nos outros tipos de violência que ocorrem nas ruas, nos ônibus, nas escolas, no Brasil e no resto do mundo que não são denunciados e, por isso mesmo, nem sempre chegam ao nosso conhecimento.

             O mundo está evoluindo, ou pelo menos, era para estar com toda essa tecnologia avançada e, portanto, não era mais para se ter notícias impactantes como essas que diariamente nos são apresentadas por todos os veículos de comunicação, causando-nos uma sensação de insegurança e impunidade.

                O machismo está fora de moda mas ainda hoje se percebem uns doentes que insistem em tratar as companheiras como seres inferiores, que não têm a mesma capacidade intelectual que eles acham que têm e isso para justificar escravizá-las na cozinha e nos afazeres domésticos quase sempre enfadonhos e estressantes.

            O machismo está fora de moda mas ainda hoje se encontram uns doentes que não respeitam as colegas de trabalho e soltam piadinhas indecorosas que, segundo a visão deles, deveriam ser consideradas como um elogio e não como um verdadeiro assédio. O que para eles é engraçado, para as mulheres é nojento e chocante.

               O machismo está fora de moda mas ainda hoje se acham uns doentes que vivem com a mentalidade pré-histórica que, quando sentem falta de uma fêmea, agarram à força a primeira que aparecer em seu caminho, esquecendo-se, ou melhor, ignorando que seria bem mais fácil e aprazível conquistá-la com a simpatia e bons modos.

               O   machismo está fora de moda mas ainda hoje existem uns doentes que se acham no direito de abusar das enteadas, das afilhadas, das próprias filhas e das filhas dos vizinhos porque estão dentro da sua própria casa e por isso mesmo disponíveis para tirarem vantagem dessa situação.

               



            O machismo está fora de moda mas ainda hoje têm uns doentes que consideram as mulheres como propriedades particulares, verdadeiros objetos adquiridos numa negociação e, por isso mesmo,  não admitem ser abandonados ou trocados por outro da mesma espécie, submetendo-as a toda sorte de violência, muitas vezes, fatal.

             Nada, absolutamente nada, justifica a violência do homem contra a mulher; do forte contra o mais fraco; do poderoso contra o indefeso. Nenhuma mulher deve aguentar calada o exercício machista sobre si mesma. Nenhuma religião vai salvá-la. Ninguém na rua ou dentro de casa irá acudí-la se ela não der o primeiro grito de socorro.  Ninguém poderá adivinhar o drama em que ela vive se não tiver a coragem  de abrir a porta e sair do inferno em busca de conforto e paz. Ninguém tem obrigação de tolerar os maus tratos a vida inteira. Ninguém precisa fazer o que não tem vontade. A violência só pode ser evitada quando a mulher deixa de ter medo e resolve lutar. Lutar, em primeiro lugar, pela sua integridade física, pela sua liberdade, pelo seu direito de ir e vir, pela sua voz e vez, pela sua dignidade e de seus filhos, por uma sociedade mais justa. E essa luta não se ganha ao lado do opressor, passando-lhe a mão na cabeça na esperança de que amanhã ele será melhor. Essa luta se vence bem longe dele, denunciando a violência, afastando-se dela porque ninguém vem ao mundo para sofrer e sim para viver em busca dos mesmos direitos a liberdade, a felicidade e ao amor.

                                                           Elisabeth Souza Ferreira

                                        Reflexão para o Dia Internacional da Mulher

VÁRIOS CAMINHOS


        Desde criança vivenciei diversas experiências psíquicas que me permitiram sentir e visualizar a realidade existente em outras dimensões, desenvolvendo assim uma fé inabalável em Deus e a busca incessante para encontrá-lO pelos mais diferentes caminhos.







       Ao longo dessa caminhada, me deparei com situações bizarras e muitas vezes constrangedoras.

     Certa vez, cheguei num alojamento onde ficaria hospedada por alguns dias para realizar um retiro espiritual. O espaço físico era enorme. Havia uma infinidade de beliches espalhadas por todas as direções. A moça da Secretaria onde entreguei a minha ficha de inscrição devidamente paga me dissera que eu poderia pegar qualquer cama que estivesse desocupada. Mas nenhuma parecia estar disponível. Havia toalhas e roupas estendidas por cima de todas as camas.  Um verdadeiro rebuliço.  Não existiam guarda-roupas.  Apenas as malas e sacolas dos participantes ficavam ao lado ou próximas de cada vaga. Andei por tudo e não encontrei nenhum lugar onde pudesse me sentir a vontade para deitar depois da longa viagem que fizera.  Lá dentro tínhamos que andar só de meias porque era proibido usar qualquer tipo de calçado.  Eles ficavam do lado de fora numa estante baixinha próxima à porta de entrada.  O banheiro era coletivo. Tinha a ala feminina e a ala masculina.  Mesmo se a pessoa fosse acompanhada, na hora de dormir tinha que se separar do seu companheiro e só voltar a encontrá-lo na hora das refeições ou das orações. Ao retornar à Secretaria, falei com a moça novamente e disse não ter achado nenhum lugar livre para acomodar as minhas coisas. Ela, então, se dispôs a me acompanhar até lá  e me apontar a que não estivesse ocupada. Caminhamos juntas até os fundos do enorme pavilhão e voltamos. Ela estranhou mesmo o modo como estavam estendidas as toalhas e reafirmou para mim que existiam camas liberadas mas também não estava sabendo identificá-las. Então, puxou uma toalha que cobria a cama de cima de um dos beliches perto da porta  e disse para mim que eu poderia ficar com aquela. Garantiu-me que não haveria problema. Sendo assim, coloquei meu pijama e deitei. Minha mala ficara ao lado na parte de baixo. Estava exausta. Dormi algumas horas. Acordei com alguém resmungando ferozmente por perto. Inclinei-me para ver quem era. Havia uma mulher aparentemente muda olhando para mim com olhos raivosos e gesticulando nervosamente enquanto soltava uns sons grotescos.  Interpretei aquilo como o contrário de boas vindas porque parecia que eu tinha pegado a cama dela. Mas continuei ali e só saí bem mais tarde. Cada vez que eu me encontrava com a dita cuja pelos corredores ou na sala do refeitório, resmungava para mim e me olhava cheia de ódio. Senti um mal-estar porque não tive culpa. A secretária me falou que não haveria problema. No segundo ou terceiro dia é que fui entender o comportamento da tal mulher. Ela havia feito votos de silêncio. E por isso é que não podia falar comigo. Mas não era muda como eu pensava. Mais tarde fiquei sabendo o porquê de sua indignação. A queridinha não gostava que ninguém ocupasse a cama de cima de seu beliche. Só por isso. O cúmulo do egoísmo. O beliche não era dela.  Achei um absurdo. De que adianta votos de silêncio se o olhar está destilando ódio para todos os lados? O que faz uma pessoa desse tipo achar que votos de silêncio são suficientes para um retiro espiritual se o coração está tomado pela raiva? Não são os votos de silêncio que vão fazê-la evoluir.  O mínimo que teria que treinar ali seria a paciência e a compaixão. Foi terrível.

     Em outra ocasião, emprestei um imóvel para um grupo budista se reunir uma ou duas vezes por semana. Eles tinham um altar onde colocavam oferendas de água, incenso e alguns alimentos para as deidades. Até aí, tudo bem. Acontece que uma noite entrou um rato e se escondeu num dos cantos e ninguém conseguia achá-lo. Virou uma comédia porque eles não queriam que o rato fosse morto porque segundo os ensinamentos budistas, não se deve matar nenhum ser vivo. E eu não concordei com isso. Como é que ia permitir que fizessem criação de rato lá dentro? Reclamei mas não adiantou. Uma pessoa amiga me sugeriu  colocar pedaços de queijo com veneno. Pois bem, ela foi lá e passou em um dos lados apenas. O bicho era tão esperto que virava o queijo e comia apenas a parte que não tinha o veneno. A casquinha envenenada ficava lá para todo mundo ver.  E o rato engordando  cada vez mais. E a gente não sabia aonde o bicho tinha se escondido. Um dia eles reclamaram que havia um cheiro terrível de urina na cozinha e que só poderia ser dos meus cachorros que ficavam nos fundos. Pediram-me para eu dar um jeito. Fui até lá e mostrei que havia lavado tudo. Dos meus cães não era. Claro que só podia ser a urina do rato. Descobri que ele estava escondido atrás de um velho fogão de seis bocas. Mas ele não ficava só lá. Ele perambulava por toda a casa. Havia cocô dele por tudo. Era nojento. E dava para calcular que era um bicho grande. Certo dia, eu estava lá e ouvi barulho num dos quartos. Corri e fechei a porta. No quarto ficaria mais fácil capturá-lo. O bicho já tinha estragado a porta. Chegou a tirar a tinta da mesma de tanto arranhar. Veio um amigo meu com uma gaiola de hamster para tentar pegá-lo. Ficou sozinho no quarto arredando guarda-roupa, sacudindo cortina e empurrando cômodas para todos os lados até que o localizou. Pediu uma vassoura. E depois de algumas vassoradas, o rato voou da cortina para cima de uma cômoda. Mas não morreu. Sua barriga estava arfando. Meu amigo mais que depressa o colocou na gaiola e o levou embora. Soltou-o no mato com vida e nos livramos dessa criatura que só fazia sujeira, além do perigo em transmitir doenças. Isso é mais um exemplo do quanto as pessoas tomam ao pé da letra os ensinamentos deixados pelos mestres do passado.  Ora, então, se não podemos matar nenhum ser vivo, teremos que deixar uma cobra ou aranha venenosa picar uma pessoa sem nada fazer para impedi-la? Teremos que deixar a vontade um enxame de abelhas picar uma criança que não pode se defender? Teremos que suportar picadas dos mosquitos borrachudos no verão sem nada usar?  Não há ninguém nesse mundo que não mate todos os dias sem querer algum ser vivo. Basta caminhar na rua ou na grama. Não dá para contar a quantidade de formigas que morrem sob os nossos pés enquanto caminhamos em casa ou no trabalho, na escola ou na própria Igreja. Acho que a nossa preocupação  deve se voltar mais às milhares de pessoas inocentes que são mortas diariamente  e o que podemos fazer a respeito para evitar o avanço dessa criminalidade galopante que o nosso país enfrenta nos últimos anos.  Baratas, moscas, cobras, aranhas e escorpiões  não devem ser a nossa prioridade. Há animais, contudo, que merecem os nossos cuidados.  Animais de estimação que nos acompanham sempre e não fazem mal a ninguém. Esses sim merecem o nosso respeito e podemos defender a qualquer custo.

        Outra ideia que eu considero errônea em várias religiões é que se a pessoa quiser se afastar depois de ter frequentado por um certo período, receberá uma avalanche de forças negativas que a impedirão de alcançar a felicidade no futuro.  Quando eu comentei no Centro Espírita que conseguia sair fora do corpo todas as noites fui severamente repreendida pelos mais velhos para que não voltasse mais a fazer isso sob pena de me perder no astral e não poder mais retornar. Ora, falavam isso sem conhecimento de causa como se eu pudesse evitar a saída noturna. Todos nós saímos do corpo quando dormimos. A única diferença é que eu saio de forma consciente e a maioria das pessoas sai sem perceber que está saindo. Depois que acordam contam ter sonhado que estiveram em outros lugares, que se encontraram com pessoas vivas e mortas, enfim, e tudo parecia tão real... E era. Não há como nos perdermos. Enquanto o nosso corpo tiver vida, ou seja, houver bateria em nosso veículo carnal, não podemos nos afastar completamente, apenas de forma temporária. Saímos e voltamos. Estamos presos a ele por um cordão umbilical invisível que só se romperá com a morte. Uma coisa é a teoria. Outra é a experiência prática. Eu tenho a prática. Depois, quando eu falei que iria deixar de frequentar as sessões espíritas em definitivo fui advertida de que iria perder todos os meus dons caso isso realmente acontecesse.  Que eu ficaria sem proteção nenhuma e que os maus espíritos tomariam conta de mim. Pois foi exatamente o contrário que aconteceu. Saí do Centro Espírita e passei a estudar e frequentar diversas religiões  e automaticamente as perturbações que eu tive naquele período acabaram e eu pude me sentir livre e forte para comandar a minha própria vida. Não só não perdi os meus dons como apareceu outro que eu nem sabia que tinha e passei a trabalhar com ele por um longo período. As religiões não gostam de perder os seus fieis. É por esse motivo que tentam amedrontar os frequentadores para que não abandonem aquele caminho. Como se aquele caminho fosse o único verdadeiro. Ora, não existe mais nenhuma religião que possa se arvorar ter a absoluta verdade. Todas estão deturpadas pelos próprios homens que as conduzem. A única coisa verdadeira que deve prevalecer sempre e acima de tudo é a fé em Deus. Eu não deixei de acreditar nos ensinamentos espíritas e nem descarto o conhecimento budista que adquiri mais tarde.  Simplesmente não quero me confessar como adepta dessa ou daquela religião. Tenho as minhas ideias próprias e não aceito tudo o que me oferecem. Prefiro ser eclética. Ir aonde me der vontade. Acreditar no que eu sinto ser verdadeiro.

       Cabe às pessoas buscarem o melhor caminho segundo o seu entendimento. O que é bom para mim, talvez, não seja o ideal para os outros. E o que é perfeito para os outros, talvez, seja ultrapassado para mim. Portanto, não julgo quem fica nem quem sai. Estamos nesse mundo para aprender e, através da aprendizagem, evoluímos. Cada um no seu ritmo. Sem apressar as coisas porque a paz é fundamental.

                                                             Elisabeth Souza Ferreira

                                              

sábado, 17 de outubro de 2020

PERIGO: RAÇA HUMANA



     Não é de hoje que se ouve falar em certas raças de cães que carregam o estigma de violentas e traiçoeiras. Dentre estas, está o pitbull, o rottweiler, o fila e o chow-chow. Isso porque nem todos os animais aceitam de bom grado os maus tratos que são infligidos aos cachorros sem raça definida ou de menor porte. Cada cachorro tem o seu temperamento próprio que pode ser açucarado ou apimentado de acordo com a criação que recebe desde as primeiras semanas de vida. A sua personalidade vai sendo construída a partir do seu nascimento e à medida em que cresce se acentua ainda mais para o lado  da mansidão ou da fúria conforme as informações positivas ou negativas que acumula ao longo da sua existência. Os cães se baseiam unicamente no instinto de autodefesa, defesa do seu território e defesa do seu dono. Eles não têm a capacidade de raciocínio para saber o que é certo e o que é errado. Mas, o seu proprietário tem e, portanto, ele é o único responsável por tudo o que o seu animal fizer contra a sua família ou a terceiros.

     Qualquer cão confinado a um espaço reduzido, acorrentado ou não, onde não tenha contato com outros cães ou outras pessoas além do seu protetor, desenvolverá uma natureza antissocial e doentia.


     Desde filhote, ele precisa se sentir aceito e amado. Precisa de colo tanto quanto um bebê humano. Precisa ser acarinhado por todos da família, pelos vizinhos e amigos do seu dono para que no futuro não venha a estranhá-los. Precisa ir a um Pet para tomar banho e entrar em contato com outros cãezinhos de raças diferentes. Precisa ir se familiarizando com a vizinhança, com os estranhos que passam por ele na rua e com os latidos de outros que o observam de longe. Se o proprietário do cãozinho não tiver esses cuidados desde o início, dificilmente ele poderá controlá-lo quando adulto.

     Antes de se adquirir um cão de raça, é necessário que se faça um levantamento sobre a origem do filhote em questão. Geralmente quando cachorros da mesma ninhada se cruzam, os filhotes que nascerem dessa relação de parentesco tendem a ter um comportamento agressivo e fora do normal aos padrões estabelecidos. Se não quiser ter surpresas desagradáveis mais adiante, investigue antes o histórico do animal. Descartada a hipótese de uma origem incestuosa, o comportamento do cãozinho vai depender exclusivamente da educação que o seu dono proporcionar. Portanto, não basta dar uma excelente ração e água em abundância, banhos mensais nos melhores Pets da cidade e uma caminha quente e macia num local adequado a um bom descanso. Isso não é suficiente se o dono não tiver tempo para passear com o cão, levá-lo ao veterinário quando notar que algo inusitado está acontecendo. Ou seja, ele é um ser vivo e, portanto, merecedor de atenção e cuidados.

     A cada dia cresce o número de cães abandonados nas ruas. Deixados para trás por motivo de viagem, mudança ou descaso mesmo. O que fazer, então? Paralelamente ao abandono, também tem crescido o número de cães que são adotados por pessoas que se compadecem da sua situação. Mas, isso não é o suficiente. As pessoas precisam se conscientizar que um cãozinho não é um brinquedo que a qualquer momento pode ser descartado. Precisam saber que todo cãozinho nasce inocente, frágil e carente de amor. Se eles forem criados sem gritos, longe de ruídos estrondosos, em ótima companhia e passeios regulares, há grandes possibilidades de se tornarem cães tranquilos, bons companheiros e dóceis, por mais que a sua raça carregue a fama de brava.

      Espero que as pessoas percebam, dentro de pouco tempo, que o rottweiler, o pitbull, o fila e o chow-chow não são culpados por esse estigma de cachorros sanguinários e sim o homem que não sabe educá-los da maneira correta. A raça humana é a mais perigosa que, visando um lucro sujo e repugnante, incentiva a violência com rinhas de galo clandestinas e as famosas touradas; que comercializa animais sem os devidos cuidados quanto a procedência dos mesmos; que mata pelo simples prazer de matar; que usa a inteligência para o mal e trata os animais como meros produtos de reprodução em massa. Desconfiemos dos homens que não gostam de cachorros mas confiemos de olhos fechados nos cachorros que não gostam de certos homens.

                                                    Elisabeth Souza Ferreira

AMIGOS QUE SE VÃO...





A vida parece ganhar redobrado valor quando a morte se aproxima.

O solo só é tratado quando constitui uma ameaça a produção.

A utilidade da enxada somente é reconhecida quando ela se aposenta.

A beleza e o perfume do roseiral são geralmente percebidos quando deixam de existir.

O pão se transforma em precioso alimento quando a fome anda por perto, tirando o direito de escolha.

A roupa desgastada pelo tempo só é considerada agasalho nobre quando o frio ronda a pele desprotegida e o organismo debilitado.

O calçado velho ganha valor quando os pés se ressentem dos pedregulhos da caminhada.

A erva simples se transforma em precioso medicamento quando os remédios modernos não produzem mais efeito.

A morada pequenina e escura se torna valorosa dádiva quando a tempestade desaba.

Só se conhece o valor da luz quando se está no escuro.

Só se valoriza a água quando se vive na seca.

Assim é sempre.

O ser humano reside na ignorância de si mesmo quando ignora a presença alheia.

O ser humano vegeta quando não se volta para a plantação divina.

O ser humano se esquece de si próprio quando não se lembra dos outros.

Se não pretendes caminhar na escuridão, faz a tua luz brilhar por pequenina que seja no meio do teu caminho.

Sai de ti mesmo.

Olha para o mundo que te cerca.

Observa a petizada esperançosa. Amanhã, todas as criaturas de hoje se transformarão em homens e mulheres da Nova Era, formada por uma sociedade mais justa e humana.

A sementinha minúscula, inobstante a sua morte, germina, cresce e produz.

Volta-te mais para os que te amam.

É natural que te aborreças com a partida de um amigo muito íntimo; com a distância que te separa dos que mais amas; com o abandono de teu ente querido; com o desencarne de quem tanto te apoiou...

Todavia, não esmoreças.

Não se deve prender o coração de ninguém.

Todos são livres.

Não te lastimes pela perda desta ou daquela criatura.

Novos irmãos surgirão em tua rotina.

Novos braços se unirão aos teus na abençoada tarefa que realizas.

Novas mentalidades andarão ao teu lado e te apoiarão como nunca ninguém ainda te apoiou.

Deus não te desampara.

Não chores.

As tuas lágrimas, por mais sentidas que sejam, poderão assemelhar-se a uma intensa chuva de granizo que fará sofrer teu próximo que avança sem guarda-chuva em direção a felicidade.

Ama sem te prenderes.

Serve sem esperar ajuda.

Perdoa sem impor condições.

Ilumina sem reclamar da treva.

Nem todos os que convivem contigo permanecerão ao teu lado.

Muitos passarão pela tua vida, deixando-te marcas.

Aproveita os bons exemplos. Jamais permitas que haja paralisação do sentimento que externas.

Não deixes nunca a amizade acabar.

Os amigos sinceros são tão poucos.

Vai ao encontro deles. Permanece tanto tempo quanto te for possível no convívio fraterno.

A visita é muito necessária para estreitar os laços afetivos.

Valoriza teu próximo.

Hoje, ele está contigo.

Amanhã, poderá estar longe dos teus passos.

Esquece os afazeres domésticos, a falta de tempo, os problemas, as enfermidades e vai ao encontro de quem amas.

Valoriza-o desde já, para que não venhas a valorizá-lo somente no momento de perdê-lo, alegando excesso de trabalho e outras coisas mais.

O amor se engrandece todo dia e todo dia o amor doa um crédito para a vida.

                                                  Elisabeth Souza Ferreira

                         (Extraído do meu primeiro livro "Conquistas do Coração")

 

RESPEITO


         






                Houve uma época em que as crianças eram ensinadas a chamar os mais velhos pelos pronomes de tratamento “senhor” e “senhora”.  Era um tempo onde bastava um olhar atravessado de um adulto para que o menor se calasse e engolisse o próprio choro. Foi um período onde os pais tinham liberdade para bater nos próprios filhos; os professores podiam colocar os alunos de castigo e os colégios podiam expulsar os estudantes mais rebeldes que se recusavam a seguir as regras gerais. Depois de longos anos assim, o comportamento humano foi se modificando. Apareceram estudiosos para afirmar que essa maneira de pensar e agir estava ultrapassada e que as coisas precisavam mudar. Resolveram abolir a antiga forma de tratamento entre jovens e adultos, fazendo com que todos ficassem no mesmo nível, tratando-se mutuamente de “tu” e “você”.  Resultado, os mais experientes passaram a se sentir como se adolescentes fossem e as crianças começaram a se identificar com os adultos. Se por um lado, essas transformações tinham vários aspectos positivos, por outro, as consequências, a longo prazo, foram devastadoras. Surgiram Leis para proibir as palmadas que, antigamente, eram corriqueiras – faziam parte da educação básica familiar- tirando a autoridade dos pais. Os professores já não mais podiam colocar seus alunos de castigo pois a Lei passou a favorecer o menor de idade, tirando a autoridade dos Mestres. Aos Colégios não era mais permitido expulsar certos elementos pois a Lei os obrigava a ficar com eles até o fim, tirando a autoridade das Escolas. Os mais velhos ficaram de mãos atadas pois os mais jovens passaram a ter liberdade absoluta. Tudo podiam. Nada mais era proibido. Sem autoridade, como os pais podem impedir a entrada das drogas em seus lares? Como podem proibir seus filhos de sair à noite? Como podem obrigá-los a estudar? Como convencê-los a trabalhar?  Somente com diálogo?

         Sem autoridade, como os professores podem controlar seus alunos em sala de aula?  Como podem se defender das agressões, das ameaças e da vingança juvenil ? O que fazer para conservar o seu emprego se já não mais existe a garantia de poder dar aula em um lugar seguro? Somente com um discurso pacificador?

        Sem autoridade, como os colégios devem agir para apartar as brigas em suas dependências? Como podem impedir que as salas de aula sejam depredadas, saqueadas pelos inimigos da cultura? Como afastar os traficantes que rondam os seus portões?

         Somente com uma fachada renovada pela pintura?

       Aqueles mesmos estudiosos que viram a necessidade de uma mudança visando um progresso maior da sociedade foram os mesmos que perceberam os estragos causados por sua tese de liberdade total e trataram de lançar a ideia de imposição de limites desde a mais tenra infância porque viram que a sua experiência anterior não deu certo e, consequentemente, não estava dando bons frutos. Só que essa decisão pegou o trem andando. Até hoje, muitas tentativas nesse sentido vêm sendo tomadas mas até agora, nenhuma deu resultado significativo.

        O que podemos constatar dia após dia é o aumento crescente de meninas se vestindo como moças e se comportando como mulheres em danças vulgares; adolescentes se tornando mães cada vez mais cedo; filhos matando os pais; maridos matando as esposas; pais abusando das filhas; namorados batendo em suas parceiras; padres e pastores se metendo com os seus fiéis; gente maltratando idosos e pessoas totalmente doentias torturando os animais. 

       Sempre houve crimes violentos, abusos de todo gênero mas nunca tantos como agora. Isso tudo está acontecendo por conta da falta de respeito que se gerou ao longo das últimas décadas. Por isso é preciso que se tenha muita cautela com relação às mudanças que o mundo apresenta, medindo sempre as consequências que podem vir de sua prática, uma vez que na teoria tudo parece ser mais agradável do que o sonho quando se torna uma realidade.

                                                    Elisabeth Souza Ferreira

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

QUANTO AOS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO...

            Antes de se adquirir um animal de estimação, é preciso que se reflita muito sobre a responsabilidade que temos ao  assumir os cuidados de um ser vivo totalmente indefeso que bate a nossa porta em busca de segurança e amor. Não podemos simplesmente visitar um abrigo de animais abandonados e sair com um deles no colo como se fosse um mero objeto de decoração para o nosso lar. Nem comprar por impulso o primeiro bichinho que vemos numa exposição só porque o preço está acessível e a simpática vendedora nos facilita a forma de pagamento. Nem porque ele nos parece mimoso e fofinho. Não devemos ceder aos caprichos dos nossos filhos que nos pedem chorando um amiguinho de quatro patas, prometendo em troca obediência e boas notas. Um gatinho ou um cachorrinho não é um brinquedo que se usa como uma distração enquanto é novidade e que depois se joga fora quando não desperta mais o nosso interesse. Ele tem sentimentos. Pode não conhecer o nosso idioma, mas entende as nossas emoções pelo tom da nossa voz. Ele detecta quando estamos zangados e lhe passamos uma bronca que o deixa constrangido. Ele sabe quando chegamos em casa felizes pela nossa maneira de caminhar, pela forma com que abrimos o portão, pelo jeito que largamos as coisas sobre a mesa ou sobre o sofá. Ele se aproxima quando estamos bem e se afasta quando percebe que estamos enfurecidos e sem paciência. Compreende que é preciso manter distância enquanto estivermos gritando e gesticulando sem parar.

          Antes de mais nada, temos que ter consciência que a nossa casa é um lugar desconhecido para o animalzinho que chega. Ele vai querer explorar o pátio, a cozinha, os quartos e tudo o mais. Terá segurança? É um local fechado por um muro, cercas? A sacada tem rede de proteção ou oferece um convite aos pulos que possam colocar a sua vida em risco? Haverá um cantinho que ele  possa chamar de seu? Uma caminha, um cobertor ou uma casinha onde possa se esconder quando não estiver disposto às brincadeiras da criançada? Desde o primeiro momento, é necessário que ele seja colocado sobre o jornal ou sobre a caixinha de areia para que aprenda a fazer as suas necessidades ali onde determinarmos. As regras deverão ser explicadas todos os dias para que se acostume com o nosso sistema. Se não quisermos que suba em nossas camas ou sofás, não vamos permitir. Vamos educá-lo com firmeza e carinho desde o primeiro dia.  Sem maus tratos. Às vezes, pode acontecer uma certa teimosia mas acabará se acostumando e nos obedecendo com o passar do tempo. O cãozinho, para ser dócil, precisa estar em contato com as outras pessoas e também com outros cãezinhos da vizinhança. Quando chegar uma visita, devemos  colocá-lo sobre o seu colo e permitir que lhe passe a mão sobre a sua cabecinha. Quando sairmos às ruas, levemo-lo junto. Isso tudo, para que ele cresça sociável. Ninguém gosta de um animal xucro que foge das pessoas. A maioria quer aproximação e não se importa com os pelos que ele possa soltar em suas roupas. Não o deixemos trancado dentro do carro quando formos às compras. Quando voltarmos, talvez, não o encontremos com vida. Principalmente quando estiver muito quente. O bichinho é muito sensível ao calor e aos lugares fechados. Ele precisa de cuidados veterinários. Não nos descuidemos quanto as suas vacinas, a sua alimentação e higiene. Mas, sobretudo, devemos repreender os nossos filhotes quando manifestarem os primeiros ímpetos agressivos que possam colocar os nossos familiares e amigos a correr.  Vai depender exclusivamente de nós a corrigenda desses primeiros sinais repentinos que muitos manifestam por instinto.  Ou queremos um cão de guarda que ficará unicamente no pátio para cuidar da casa ou um cão dócil, companheiro de todas as horas, de todos os passeios, amigo dos nossos amigos. Preferimos um cão insuportável que fica latindo o tempo todo ou um cão que faz festa para todos os visitantes? Um cão ou um gato que todo mundo gosta ou um que espanta as nossas amizades? Assim como chamamos a atenção dos nossos filhos quando pequenos, também temos que chamar a atenção dos nossos animais de estimação para que aprendam a se comportar da melhor forma. Animal sem educação é animal antissocial. O animal educado não late para os outros cachorros que passam por ele. Simplesmente cheira o amiguinho ou o ignora e segue em frente na companhia do seu dono, curtindo o passeio que realiza.

       De preferência, quando levarmos o nosso cãozinho para um passeio, é sempre louvável que o conduzamos com uma coleira para segurança dele, nossa e dos outros animais. Se ele estiver numa coleira, podemos evitar que atravesse uma rua movimentada e seja atropelado; podemos evitar que ele se mostre hostil com os outros animais ou pessoas, evitando assim muitos aborrecimentos; podemos puxá-lo e erguê-lo no colo se aparecer um cão maior e desorientado pelo caminho que possa machucá-lo.  Se é necessário que pensemos duas ou três vezes antes de adquirirmos um animal de estimação, reflitamos infinitas vezes antes de abandoná-lo porque seremos responsáveis pelo que vier a acontecer com ele a partir do momento que o abandonarmos. Ele poderá vir a cair em mãos erradas. Nem sempre quem o encontra ou adota é uma boa pessoa. O risco de um animal ser abandonado sem ser castrado é que poderá ser usado inescrupulosamente para uma reprodução atrás da outra, o que o fará  definhar bem antes do tempo certo. Muitos animais que são doados não ficam com a pessoa que se mostra toda afetuosa e acolhedora. Geralmente, eles são passados adiante, vendidos ou doados para quem não tem nenhuma noção dos cuidados fundamentais de uma determinada raça ou mesmo sem uma raça definida. Pessoas sem as condições financeiras básicas para pagar por despesas veterinárias caso sejam necessárias ou até mesmo prover uma ração de boa qualidade. Há animais que são explorados em rinhas de cães (sim, elas existem também); fora os que são negligenciados, sacrificados em rituais macabros , torturados ou mortos das mais diversas formas de crueldade. 

         Antes de adquirirmos um animalzinho, estudemos o nosso tempo, a opinião dos nossos familiares, as nossas condições, o espaço do nosso apartamento ou casa, o regulamento do nosso edifício ou condomínio, a vizinhança e a nossa paciência pois se trata de um ser vivo, alguém que dará um pouco de despesa e trabalho, um novo membro da família. Estamos dispostos? Se tivermos que viajar? Se tivermos que nos mudar? Se perdermos o nosso emprego? Será que teremos condições de arcar com essa responsabilidade?

         Depois que um animal se acostuma conosco, ele não nos abandona. Representamos a sua vida.

         


     Se por qualquer razão, o perdermos, jamais esquecerá a mão que o cuidou, que o protegeu e alimentou. Podem se passar muitos e muitos anos, mas se tivermos a chance de um reencontro,  ele nos reconhecerá ao longe porque o nosso cheiro não muda, da mesma forma que o seu amor continuará com a  mesma intensidade. Aprendamos a ter pelos animais de estimação o mesmo senso de respeito, gratidão e lealdade que eles têm e terão infinitamente por nós.

 

                                                Elisabeth Souza Ferreira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CLIENTES E VENDEDORES

 

           O procedimento dos comerciantes em relação à clientela vem mudando bastante nos últimos anos e isso se deve ao fato do aumento populacional, as facilidades de consumo e, por outro lado à violência com que muitos são surpreendidos  em seus locais de trabalho, fazendo com que com que muitas coisas saiam do controle e exijam uma mudança drástica nos seus hábitos diários.

              Em vários lugares por onde eu ando, tenho observado um comportamento impaciente por parte dos vendedores. Na hora em que vamos provar alguma roupa no vestiário, é comum baterem à porta para saber se a peça que acabaram de nos entregar serviu em nosso manequim... só se fôssemos flash man... Calculam o tempo de maneira errada como se trocássemos de roupa num piscar de olhos. Não nos dão tempo nem para nos despir... É tudo a jato.  E, ainda, não raro, há as vendedoras que simplesmente recuam as cortininhas sem nos pedir licença. É o cúmulo mas acontece.

            Outra coisa bastante irritante ocorre no momento em que vamos digitar a senha do cartão. Tem umas que nem sequer olham em outra direção, muito pelo contrário, fazem questão de ficar acompanhando cada movimento dos nossos dedos e aprender os números que clicamos na máquina. Ora, as pessoas não se sentem a vontade com um tipo de controle dessa natureza.  Qualquer dia, saio do sério e rodo a bahiana...

            Porém, o mais absurdo  é quando terminamos de concluir o pagamento  numa loja ou lojão e antes que consigamos colocar a carteira dentro da bolsa e fechar o zíper , a pessoa responsável pelo Caixa nos enfia a sacola no nariz numa demonstração  de pressa  como  se desejando que evaporássemos da sua frente. Não é assim que se conquista clientes.  E, por último, bastante rotineiro  é  ficarmos procurando pelo nosso pacote contendo nossas compras depois de efetivarmos o pagamento das mesmas e constatarmos que ele está nas mãos da vendedora próximo á porta de entrada e bem lacrado para evitar que algum espertinho tire proveito da situação enquanto passa pelas mercadorias expostas por todos os lados.

             




              É compreensível que se redobrem os cuidados no comércio  por causa dos maus elementos que existem em nossa sociedade  onde os bons acabam pagando pelos maus contudo, muitas vezes esse comportamento fica exageradamente evidente, o que pode melindrar certos indivíduos e afastá-los em definitivo de certos ambientes que primam pelo excesso de suas regras.

                                               Elisabeth Souza Ferreira