sexta-feira, 16 de outubro de 2020

QUANTO AOS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO...

            Antes de se adquirir um animal de estimação, é preciso que se reflita muito sobre a responsabilidade que temos ao  assumir os cuidados de um ser vivo totalmente indefeso que bate a nossa porta em busca de segurança e amor. Não podemos simplesmente visitar um abrigo de animais abandonados e sair com um deles no colo como se fosse um mero objeto de decoração para o nosso lar. Nem comprar por impulso o primeiro bichinho que vemos numa exposição só porque o preço está acessível e a simpática vendedora nos facilita a forma de pagamento. Nem porque ele nos parece mimoso e fofinho. Não devemos ceder aos caprichos dos nossos filhos que nos pedem chorando um amiguinho de quatro patas, prometendo em troca obediência e boas notas. Um gatinho ou um cachorrinho não é um brinquedo que se usa como uma distração enquanto é novidade e que depois se joga fora quando não desperta mais o nosso interesse. Ele tem sentimentos. Pode não conhecer o nosso idioma, mas entende as nossas emoções pelo tom da nossa voz. Ele detecta quando estamos zangados e lhe passamos uma bronca que o deixa constrangido. Ele sabe quando chegamos em casa felizes pela nossa maneira de caminhar, pela forma com que abrimos o portão, pelo jeito que largamos as coisas sobre a mesa ou sobre o sofá. Ele se aproxima quando estamos bem e se afasta quando percebe que estamos enfurecidos e sem paciência. Compreende que é preciso manter distância enquanto estivermos gritando e gesticulando sem parar.

          Antes de mais nada, temos que ter consciência que a nossa casa é um lugar desconhecido para o animalzinho que chega. Ele vai querer explorar o pátio, a cozinha, os quartos e tudo o mais. Terá segurança? É um local fechado por um muro, cercas? A sacada tem rede de proteção ou oferece um convite aos pulos que possam colocar a sua vida em risco? Haverá um cantinho que ele  possa chamar de seu? Uma caminha, um cobertor ou uma casinha onde possa se esconder quando não estiver disposto às brincadeiras da criançada? Desde o primeiro momento, é necessário que ele seja colocado sobre o jornal ou sobre a caixinha de areia para que aprenda a fazer as suas necessidades ali onde determinarmos. As regras deverão ser explicadas todos os dias para que se acostume com o nosso sistema. Se não quisermos que suba em nossas camas ou sofás, não vamos permitir. Vamos educá-lo com firmeza e carinho desde o primeiro dia.  Sem maus tratos. Às vezes, pode acontecer uma certa teimosia mas acabará se acostumando e nos obedecendo com o passar do tempo. O cãozinho, para ser dócil, precisa estar em contato com as outras pessoas e também com outros cãezinhos da vizinhança. Quando chegar uma visita, devemos  colocá-lo sobre o seu colo e permitir que lhe passe a mão sobre a sua cabecinha. Quando sairmos às ruas, levemo-lo junto. Isso tudo, para que ele cresça sociável. Ninguém gosta de um animal xucro que foge das pessoas. A maioria quer aproximação e não se importa com os pelos que ele possa soltar em suas roupas. Não o deixemos trancado dentro do carro quando formos às compras. Quando voltarmos, talvez, não o encontremos com vida. Principalmente quando estiver muito quente. O bichinho é muito sensível ao calor e aos lugares fechados. Ele precisa de cuidados veterinários. Não nos descuidemos quanto as suas vacinas, a sua alimentação e higiene. Mas, sobretudo, devemos repreender os nossos filhotes quando manifestarem os primeiros ímpetos agressivos que possam colocar os nossos familiares e amigos a correr.  Vai depender exclusivamente de nós a corrigenda desses primeiros sinais repentinos que muitos manifestam por instinto.  Ou queremos um cão de guarda que ficará unicamente no pátio para cuidar da casa ou um cão dócil, companheiro de todas as horas, de todos os passeios, amigo dos nossos amigos. Preferimos um cão insuportável que fica latindo o tempo todo ou um cão que faz festa para todos os visitantes? Um cão ou um gato que todo mundo gosta ou um que espanta as nossas amizades? Assim como chamamos a atenção dos nossos filhos quando pequenos, também temos que chamar a atenção dos nossos animais de estimação para que aprendam a se comportar da melhor forma. Animal sem educação é animal antissocial. O animal educado não late para os outros cachorros que passam por ele. Simplesmente cheira o amiguinho ou o ignora e segue em frente na companhia do seu dono, curtindo o passeio que realiza.

       De preferência, quando levarmos o nosso cãozinho para um passeio, é sempre louvável que o conduzamos com uma coleira para segurança dele, nossa e dos outros animais. Se ele estiver numa coleira, podemos evitar que atravesse uma rua movimentada e seja atropelado; podemos evitar que ele se mostre hostil com os outros animais ou pessoas, evitando assim muitos aborrecimentos; podemos puxá-lo e erguê-lo no colo se aparecer um cão maior e desorientado pelo caminho que possa machucá-lo.  Se é necessário que pensemos duas ou três vezes antes de adquirirmos um animal de estimação, reflitamos infinitas vezes antes de abandoná-lo porque seremos responsáveis pelo que vier a acontecer com ele a partir do momento que o abandonarmos. Ele poderá vir a cair em mãos erradas. Nem sempre quem o encontra ou adota é uma boa pessoa. O risco de um animal ser abandonado sem ser castrado é que poderá ser usado inescrupulosamente para uma reprodução atrás da outra, o que o fará  definhar bem antes do tempo certo. Muitos animais que são doados não ficam com a pessoa que se mostra toda afetuosa e acolhedora. Geralmente, eles são passados adiante, vendidos ou doados para quem não tem nenhuma noção dos cuidados fundamentais de uma determinada raça ou mesmo sem uma raça definida. Pessoas sem as condições financeiras básicas para pagar por despesas veterinárias caso sejam necessárias ou até mesmo prover uma ração de boa qualidade. Há animais que são explorados em rinhas de cães (sim, elas existem também); fora os que são negligenciados, sacrificados em rituais macabros , torturados ou mortos das mais diversas formas de crueldade. 

         Antes de adquirirmos um animalzinho, estudemos o nosso tempo, a opinião dos nossos familiares, as nossas condições, o espaço do nosso apartamento ou casa, o regulamento do nosso edifício ou condomínio, a vizinhança e a nossa paciência pois se trata de um ser vivo, alguém que dará um pouco de despesa e trabalho, um novo membro da família. Estamos dispostos? Se tivermos que viajar? Se tivermos que nos mudar? Se perdermos o nosso emprego? Será que teremos condições de arcar com essa responsabilidade?

         Depois que um animal se acostuma conosco, ele não nos abandona. Representamos a sua vida.

         


     Se por qualquer razão, o perdermos, jamais esquecerá a mão que o cuidou, que o protegeu e alimentou. Podem se passar muitos e muitos anos, mas se tivermos a chance de um reencontro,  ele nos reconhecerá ao longe porque o nosso cheiro não muda, da mesma forma que o seu amor continuará com a  mesma intensidade. Aprendamos a ter pelos animais de estimação o mesmo senso de respeito, gratidão e lealdade que eles têm e terão infinitamente por nós.

 

                                                Elisabeth Souza Ferreira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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