sábado, 17 de outubro de 2020

RESPEITO


         






                Houve uma época em que as crianças eram ensinadas a chamar os mais velhos pelos pronomes de tratamento “senhor” e “senhora”.  Era um tempo onde bastava um olhar atravessado de um adulto para que o menor se calasse e engolisse o próprio choro. Foi um período onde os pais tinham liberdade para bater nos próprios filhos; os professores podiam colocar os alunos de castigo e os colégios podiam expulsar os estudantes mais rebeldes que se recusavam a seguir as regras gerais. Depois de longos anos assim, o comportamento humano foi se modificando. Apareceram estudiosos para afirmar que essa maneira de pensar e agir estava ultrapassada e que as coisas precisavam mudar. Resolveram abolir a antiga forma de tratamento entre jovens e adultos, fazendo com que todos ficassem no mesmo nível, tratando-se mutuamente de “tu” e “você”.  Resultado, os mais experientes passaram a se sentir como se adolescentes fossem e as crianças começaram a se identificar com os adultos. Se por um lado, essas transformações tinham vários aspectos positivos, por outro, as consequências, a longo prazo, foram devastadoras. Surgiram Leis para proibir as palmadas que, antigamente, eram corriqueiras – faziam parte da educação básica familiar- tirando a autoridade dos pais. Os professores já não mais podiam colocar seus alunos de castigo pois a Lei passou a favorecer o menor de idade, tirando a autoridade dos Mestres. Aos Colégios não era mais permitido expulsar certos elementos pois a Lei os obrigava a ficar com eles até o fim, tirando a autoridade das Escolas. Os mais velhos ficaram de mãos atadas pois os mais jovens passaram a ter liberdade absoluta. Tudo podiam. Nada mais era proibido. Sem autoridade, como os pais podem impedir a entrada das drogas em seus lares? Como podem proibir seus filhos de sair à noite? Como podem obrigá-los a estudar? Como convencê-los a trabalhar?  Somente com diálogo?

         Sem autoridade, como os professores podem controlar seus alunos em sala de aula?  Como podem se defender das agressões, das ameaças e da vingança juvenil ? O que fazer para conservar o seu emprego se já não mais existe a garantia de poder dar aula em um lugar seguro? Somente com um discurso pacificador?

        Sem autoridade, como os colégios devem agir para apartar as brigas em suas dependências? Como podem impedir que as salas de aula sejam depredadas, saqueadas pelos inimigos da cultura? Como afastar os traficantes que rondam os seus portões?

         Somente com uma fachada renovada pela pintura?

       Aqueles mesmos estudiosos que viram a necessidade de uma mudança visando um progresso maior da sociedade foram os mesmos que perceberam os estragos causados por sua tese de liberdade total e trataram de lançar a ideia de imposição de limites desde a mais tenra infância porque viram que a sua experiência anterior não deu certo e, consequentemente, não estava dando bons frutos. Só que essa decisão pegou o trem andando. Até hoje, muitas tentativas nesse sentido vêm sendo tomadas mas até agora, nenhuma deu resultado significativo.

        O que podemos constatar dia após dia é o aumento crescente de meninas se vestindo como moças e se comportando como mulheres em danças vulgares; adolescentes se tornando mães cada vez mais cedo; filhos matando os pais; maridos matando as esposas; pais abusando das filhas; namorados batendo em suas parceiras; padres e pastores se metendo com os seus fiéis; gente maltratando idosos e pessoas totalmente doentias torturando os animais. 

       Sempre houve crimes violentos, abusos de todo gênero mas nunca tantos como agora. Isso tudo está acontecendo por conta da falta de respeito que se gerou ao longo das últimas décadas. Por isso é preciso que se tenha muita cautela com relação às mudanças que o mundo apresenta, medindo sempre as consequências que podem vir de sua prática, uma vez que na teoria tudo parece ser mais agradável do que o sonho quando se torna uma realidade.

                                                    Elisabeth Souza Ferreira

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