domingo, 31 de janeiro de 2021

SIMPLESMENTE MARCELO



      Sempre gostei de programas policiais que retratam a realidade dos fatos no nosso país, mostrando o que acontece nos bastidores das grandes e pequenas cidades  e que nem sempre a gente fica sabendo por falta de acesso a esse tipo de informação. Muita gente julga que isso não passa de um sensacionalismo barato que visa por meios estratégicos fazer o papel de maus formadores de opinião. Por diversas vezes ouvi comentários negativos a minha postura não só por me revelar uma telespectadora assídua bem como uma grande defensora de tais programas. Certas pessoas que se consideram muito letradas podem conhecer o mundo inteiro através da leitura de centenas de trabalhos acadêmicos mas passariam vergonha se questionados quanto  aos fatos que ocorrem na esquina mais próxima da sua própria casa. Na minha maneira de pensar, eu não tenho necessidade de saber tudo o que ocorre do outro lado do continente mas tenho a obrigação de conhecer tudo o que está acontecendo ao meu redor sob pena de me tornar uma criatura alienada e inútil.

      Acho que esses programas não se concentram apenas nas distantes manchetes do que está havendo em nosso país  mas aproximam e aprofundam a realidade tortuosa que até pouco tempo desconhecíamos.

       Num determinado momento, mudando de canal, encontrei um desses programas na Record onde o Marcelo Rezende era o apresentador. Fiquei assistindo atentamente até o final e, desde então, migrei da emissora que eu assistia anteriormente para essa nova que me cativou por sua simplicidade e objetividade. Tornei-me sua fã e nunca mais o perdi de vista. Não só para mim mas para todos os seus fãs, ele não era um apresentador distante e frio mas era como se fosse um vizinho querido que vinha nos visitar diariamente no mesmo horário e com a mesma simpatia e cordialidade de sempre para nos contar as novidades. Fazia graça na hora da brincadeira para nos descontrair e nos arrancar sorrisos. E sabia também falar sério nas horas mais difíceis e dramáticas do nosso cotidiano, acordando-nos para a vida real. Tratava a sua equipe jornalística como se fosse parte da sua família. E nos incluía nesse processo.  E assim foram passando os anos. Eu e seus outros fãs acompanhávamos o seu trabalho e nos sentíamos íntimos. Eu tive a honra e a felicidade de chegar bem próximo dele quando do lançamento de sua obra “Corta para mim” numa das tantas capitais por onde ele passou. Pude observar seus poucos cabelos e bem branquinhos, sua alta estatura e seu corpo avantajado de terno apesar do calor. O seu avião havia se atrasado e muita gente o aguardava ansiosa por um autógrafo e uma foto. Muitos seguranças o protegeram da multidão que se empurrava para vê-lo. Senhoras bem idosas e crianças com necessidades especiais tiveram a preferência no atendimento. Todos queriam abraçá-lo. Todos queriam tocá-lo ou, pelo menos, chegar o mais perto possível. Pude ver o seu jeito simples de atender o seu público. Sempre com um sorriso nos lábios, um olhar puro e um abraço carinhoso. Parecia que conhecia todo mundo que lá estava. Gente de todas as idades. Sua gente. Amigos que ele fez através da tela da televisão. Fãs que o amavam e o respeitavam como o maior contador de histórias da vida real. Meu ídolo. Nosso ídolo.

       Com imensa tristeza, há uns três meses e meio recebemos a triste notícia de sua enfermidade. E uma doença avassaladora. Incurável. Pegou a todos desprevenidos. Foi um grande choque. Mas Deus é sábio e deu ao seu público a oportunidade de se preparar para o que viria a seguir.  Ele não esmoreceu. Mesmo sofrendo dores e desconfortos, seguiu firme em seu propósito de vencer essa doença com sua imensa fé, apesar de ter dito que não tinha medo da morte e iria enfrentá-la com coragem caso a sua hora chegasse. Ele também teve tempo de se preparar com orações, leituras da Bíblia e tratamento de saúde. Largou a quimioterapia num determinado dia e foi muito criticado por isso. Mas só quem passa por uma doença dessas é que pode avaliar a sua atitude. No fundo, ele sabia que não sobreviveria. Sabia que seu tempo nesse mundo estava acabando e quis chegar na reta final lúcido e fazendo tudo o que queria. E sua alma iluminada se elevou. Partiu e nos deixou a todos órfãos. Mas deixou uma sementinha dentro do coração de cada um dos seus fãs e familiares, amigos e colegas para que não o esqueçamos. Nosso amor e respeito por ele é maior que tudo. Seguiremos a nossa jornada por aqui, lembrando-nos sempre da sua simplicidade e bondade para com todos, de todas as suas qualidades que o tornaram o maior e mais querido jornalista de todos os tempos.

       Vá em paz, amigo querido! Leva o amor de todos os brasileiros em teu coração. O Brasil não vai te esquecer. Esta é a nossa promessa.

 

                                                       Elisabeth Souza Ferreira

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