domingo, 31 de janeiro de 2021

MUDANÇA DE PLANOS

         

          Quem se preparou para a chegada do novo ano com mil sonhos na cabeça, projetos e contas devidamente estudadas e colocadas na ponta do lápis, sequer imaginava que este seria um ano atípico, fora dos tradicionais padrões de todo e qualquer planejamento individual ou familiar. Ouviu-se as primeiras notícias a respeito de um vírus que estava matando algumas pessoas na China mas não parecia algo tão relevante assim a ponto de causar maiores preocupações ao resto do mundo, uma vez que volta e meia aparecem doenças aqui e acolá facilmente contornadas com o uso de medicamentos específicos para cada caso. O que não se esperava é que o contágio fosse tão rápido de pessoa para pessoa e que o número de mortos triplicasse em tão pouco tempo, ganhando terreno em outros países como a Coréia e o Irã. E, de repente, se estendesse à Itália de maneira absurda, quase impossível de controlar. E, assim foi se disseminando pelos continentes atingindo países como a Espanha, a França, a Alemanha, os Estados Unidos, Brasil, Moçambique e por aí afora... Generalizou-se de tal modo e rapidamente que a ficha parece ter caído para a maioria das pessoas nos últimos dias e para os mais atentos, nas últimas semanas, causando pânico e correria desenfreada aos supermercados e farmácias para se abastecerem de mantimentos não perecíveis, sob o temor de que o pior aconteça. E, de fato, já está acontecendo... Em torno de 12 mil seres humanos já pereceram, em questão de dois ou três meses desse mal que se alastra vertiginosamente sobre a Terra. A China, ao que tudo indica, parece já ter começado a apresentar um certo tipo de controle sobre o vírus, tomando medidas drásticas que estão sendo copiadas pelas outras nações. O covid-19 está sendo analisado às pressas pelos profissionais da saúde em busca da cura ou, de pelo menos uma vacina para proteger as pessoas mais idosas e debilitadas que fazem parte do grande grupo de risco. Até agora, os mais atingidos apresentavam, além da idade avançada, problemas relacionados a diabetes, pressão alta e doenças coronarianas. Os sintomas são de gripe com febre, coriza e dificuldade respiratória. Muito fácil de se confundir com um resfriado comum no início mas, quando feito o diagnóstico correto, os pulmões já podem estar em estado lastimável para tratamento. Esses quadros mais graves são levados imediatamente para hospitais onde são entubados, a fim de tentar reverter a situação por demais desesperadora.
          O pânico se instalou no planeta Terra. Muita gente morrendo. Fronteiras sendo fechadas em toda parte. Cidades ilhadas. Pessoas reclusas em suas casas, sem perspectiva de tão cedo, poder voltar à vida normal. E, assim recolhidas entre quatro paredes, passam a ver os seus sonhos se desfazendo à medida em que tentam entender a velocidade com que tudo está ruindo a sua volta. E, percebem que estão fazendo parte de uma guerra mundial onde nenhum país do mundo está livre de participar contra esse maldito vírus, o inimigo invisível de todas as nações.
          E, assim vão percebendo que tudo está mudando... Entes queridos em lugares onde é o foco dessa doença insana, sem poderem voltar para casa e correndo todo tipo de risco ao ficarem distantes de suas famílias. Universidades fechadas para aqueles que lutaram tanto em busca de uma bolsa de estudos a fim de se aperfeiçoarem no Exterior. Voos cancelados, aeroportos fechados, lojas impedidas de abrir, empresários desconcertados, funcionários temerosos de perder o seu ganha-pão, médicos tendo que escolher entre os pacientes aquele que deve ter maiores chances de sobrevivência porque não existem aparelhos suficientes para todos... Esta é a realidade que se está vivendo no momento. E não é algo que se conserte de um dia para o outro. Serão muitos meses de tensão até que tudo se resolva. A questão agora é a luta pela sobrevivência. Tudo o mais deixou de ser importante em meio a este caos social e econômico pelo qual passa a humanidade.
          Diante dessa pandemia, as pessoas já estão começando a perceber que, querendo ou não, terão que fazer uma mudança nos seus planos de vida para este e para os próximos anos. Muitos jogos serão transferidos, olimpíadas adiadas, eleições canceladas, enfim, a população mundial terá que se ajustar a grandes atrasos nas suas pretensas realizações futuras. O ser humano tem uma grande capacidade de adaptação e com as múltiplas e dolorosas experiências que tem vivenciado nos últimos tempos saberá, mais uma vez, superar-se a si mesmo com toda a dignidade que lhe for possível e, em se superando a si mesmo, conseguirá superar com a solidariedade e compaixão entre os povos essa inglória crise humanitária.
                                                             Elisabeth Souza Ferreira
                                                                      21/03/2020

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