sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A VINGANÇA

 

                                             






            Para quem leu mas acabou se esquecendo

               Para quem estudou mas não aprendeu

               Para quem sabe mas não pratica

               Vale a pena lembrar um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo:

"...A vingança é um sentimento tanto mais funesto quanto a falsidade e a vileza são suas companheiras assíduas. Com efeito, aquele que se entrega a essa paixão cega e fatal quase nunca se vinga às claras.

... ataca-o na sua honra e nas suas afeições.  Não recua diante da calúnia e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas em todas as direções, vão crescendo pelo caminho.  Dessa maneira, quando o perseguido aparece nos meios atingidos pelo seu sopro envenenado, admira-se de encontrar semblantes frios onde outrora havia rostos amigos e bondosos; fica estupefato quando as mãos que procuravam a sua, agora se recusam a apertá-la; enfim, sente-se aniquilado quando os amigos mais caros e os parentes o evitam e se esquivam dele. Ah, o covarde que se vinga dessa forma é cem vezes mais criminoso que aquele que vai direto ao inimigo e o insulta face a face! ..."

Instruções dos Espíritos  /  A vingança - Jules Olivier (Paris - 1862)

             Não existe pior vingança do que a que é tramada na surdina. Própria de espíritos inferiores que cultuam o corpo mas se descuidam da alma, cujo orgulho ferido não aceita os erros alheios e se propaga qual chama impiedosa ao vento, tentam de todas as formas destruir o que não está ao seu alcance de entendimento. Diariamente as pessoas são traídas em sua boa fé, prejudicadas no ambiente de trabalho, humilhadas dentro do próprio lar, lesadas por golpistas, ludibriadas por gente que se prevalece da sua ingenuidade, enfim, esse é o mundo em que se vive. Não é nenhum paraíso e ninguém é perfeito. Fazemos parte dessa humanidade que caminha muitas vezes sem saber para onde ir. A maioria tem o pavio curto, primeiro age e depois pensa, primeiro assiste o desastre acontecer e depois se arrepende, primeiro queima tudo e quando se vê diante de um monte de cinzas, sente um imenso vazio. Quem se vinga dos outros através de fofocas e intrigas fica, momentaneamente, estufado pela satisfação de detonar uma bomba para cima do inimigo mas, dentro de pouco tempo, aquele prazer doentio se converte na dor de sepultar o próprio coração murcho e sem graça. Essa é uma lição que insistentemente vem à tona durante a doutrinação religiosa, mais especificamente, a Espírita. Controlar a ira e, se não for possível perdoar, pelo menos não dar o troco na mesma medida do mal que receber. Cada ser vivo tem uma finalidade na existência. Uns mais pesados pela carga problemática que carregam, outros mais leves pela bondade e simpatia que irradiam. Mas, todos têm direito de viver. Não nos cabe jogar uma criatura na lama só porque nos prejudicou e não faz mais parte dos nossos afetos.

             Faz bastante tempo que li, pela primeira vez, a obra de Kardec e ainda me lembro do trecho acima descrito no início deste texto e, muito embora, não mais frequente as sessões, esses ensinamentos ficaram profundamente enraizados nas minhas entranhas a tal ponto de me impedirem de sentir raiva dos que me prejudicam de uma maneira ou outra, sobretudo com intrigas e tramas obscuras.

              Aprendi com Prabhupada que, desde uma simples refeição que formos preparar, devemos estar equilibrados emocionalmente pois caso contrário, a nossa comida poderá causar enjoo e dor de estômago em quem experimentá-la. Transmitimos através das nossas mãos, do nosso olhar e dos nossos pensamentos toda a nossa bagagem espiritual que tanto pode ser de lixo como de bênçãos. Do mesmo modo, quem está destilando ódio por todos os poros, não tem condições de transmitir um passe a quem quer que seja pois, ao invés de dar, estará sugando as parcas energias do irmão necessitado.

        Certa vez, assistindo a uma palestra de um monge budista, aprendi que não devemos ser incoerentes com os ensinamentos da Doutrina que frequentamos.  Muita gente enche a boca para se intitular desta ou daquela crença religiosa mas pratica atos e mantém uma mentalidade que não condiz com o que realmente deveria ser.

             Quem se vinga do próximo está tão doente quanto um paciente acamado do ambiente hospitalar e, como tal, precisa de tratamento que lhe ensine o perdão e a tolerância, condições básicas para encontrar a cura para todos os seus desarranjos psíquicos e ter paz.

                                                  Elisabeth Souza Ferreira

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