Para
quem leu mas acabou se esquecendo
Para
quem estudou mas não aprendeu
Para
quem sabe mas não pratica
Vale
a pena lembrar um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo:
"...A vingança é um sentimento tanto mais
funesto quanto a falsidade e a vileza são suas companheiras assíduas. Com
efeito, aquele que se entrega a essa paixão cega e fatal quase nunca se vinga
às claras.
... ataca-o na sua honra e nas suas afeições. Não recua diante da calúnia e suas pérfidas
insinuações, habilmente espalhadas em todas as direções, vão crescendo pelo
caminho. Dessa maneira, quando o
perseguido aparece nos meios atingidos pelo seu sopro envenenado, admira-se de
encontrar semblantes frios onde outrora havia rostos amigos e bondosos; fica
estupefato quando as mãos que procuravam a sua, agora se recusam a apertá-la;
enfim, sente-se aniquilado quando os amigos mais caros e os parentes o evitam e
se esquivam dele. Ah, o covarde que se vinga dessa forma é cem vezes mais
criminoso que aquele que vai direto ao inimigo e o insulta face a face!
..."
Instruções dos Espíritos / A
vingança - Jules Olivier (Paris - 1862)
Não
existe pior vingança do que a que é tramada na surdina. Própria de espíritos
inferiores que cultuam o corpo mas se descuidam da alma, cujo orgulho ferido
não aceita os erros alheios e se propaga qual chama impiedosa ao vento, tentam
de todas as formas destruir o que não está ao seu alcance de entendimento. Diariamente
as pessoas são traídas em sua boa fé, prejudicadas no ambiente de trabalho,
humilhadas dentro do próprio lar, lesadas por golpistas, ludibriadas por gente
que se prevalece da sua ingenuidade, enfim, esse é o mundo em que se vive. Não
é nenhum paraíso e ninguém é perfeito. Fazemos parte dessa humanidade que
caminha muitas vezes sem saber para onde ir. A maioria tem o pavio curto,
primeiro age e depois pensa, primeiro assiste o desastre acontecer e depois se
arrepende, primeiro queima tudo e quando se vê diante de um monte de cinzas,
sente um imenso vazio. Quem se vinga dos outros através de fofocas e intrigas
fica, momentaneamente, estufado pela satisfação de detonar uma bomba para cima
do inimigo mas, dentro de pouco tempo, aquele prazer doentio se converte na dor
de sepultar o próprio coração murcho e sem graça. Essa é uma lição que
insistentemente vem à tona durante a doutrinação religiosa, mais
especificamente, a Espírita. Controlar a ira e, se não for possível perdoar,
pelo menos não dar o troco na mesma medida do mal que receber. Cada ser vivo
tem uma finalidade na existência. Uns mais pesados pela carga problemática que
carregam, outros mais leves pela bondade e simpatia que irradiam. Mas, todos
têm direito de viver. Não nos cabe jogar uma criatura na lama só porque nos
prejudicou e não faz mais parte dos nossos afetos.
Faz bastante tempo que li, pela primeira vez, a obra de Kardec e ainda
me lembro do trecho acima descrito no início deste texto e, muito embora, não
mais frequente as sessões, esses ensinamentos ficaram profundamente enraizados
nas minhas entranhas a tal ponto de me impedirem de sentir raiva dos que me
prejudicam de uma maneira ou outra, sobretudo com intrigas e tramas obscuras.
Aprendi com Prabhupada que, desde uma simples refeição que formos
preparar, devemos estar equilibrados emocionalmente pois caso contrário, a
nossa comida poderá causar enjoo e dor de estômago em quem experimentá-la.
Transmitimos através das nossas mãos, do nosso olhar e dos nossos pensamentos
toda a nossa bagagem espiritual que tanto pode ser de lixo como de bênçãos. Do
mesmo modo, quem está destilando ódio por todos os poros, não tem condições de
transmitir um passe a quem quer que seja pois, ao invés de dar, estará sugando
as parcas energias do irmão necessitado.
Certa vez, assistindo a uma palestra de um monge budista, aprendi que
não devemos ser incoerentes com os ensinamentos da Doutrina que
frequentamos. Muita gente enche a boca
para se intitular desta ou daquela crença religiosa mas pratica atos e mantém
uma mentalidade que não condiz com o que realmente deveria ser.
Quem
se vinga do próximo está tão doente quanto um paciente acamado do ambiente
hospitalar e, como tal, precisa de tratamento que lhe ensine o perdão e a
tolerância, condições básicas para encontrar a cura para todos os seus
desarranjos psíquicos e ter paz.
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