sábado, 30 de janeiro de 2021

COMO ABRIR O ARMÁRIO

 

                                         


      As mulheres de hoje não são tão diferentes das mulheres de todas as épocas da humanidade, pois continuam ainda agora a sonhar com um príncipe encantado que possa resgatá-las da solidão e do tédio para uma vida plena de felicidade e amor. Desde meninas aprendem a imaginar um homem perfeito, atraente, educado e sedutor capaz de protegê-las de todas as maldades do mundo. Crescem pouco a pouco reparando nos vários modelos de relacionamentos que a sociedade apresenta nos filmes, nas novelas e nos capítulos da vida real. E quando se tornam adolescentes passam a sentir atração pelos rapazes mais bonitos, pelos colegas que tiram as melhores notas, pelos vizinhos mais ricos e perfumados, pelos caras que têm o sorriso mais lindo, os olhos mais penetrantes e os beijos mais deliciosos que qualquer outro possa oferecer. E assim embarcam em namoros sérios desde muito cedo sem ter noção de tudo o que possam vir a encontrar ao longo dessa caminhada a dois.

       Muitas se casam ou simplesmente vão morar junto com seus amados a fim de ter uma família e sair da dependência dos pais. O tempo vai passando e logo chegam os filhos para unir ainda mais o casal, estreitando os laços familiares e servindo de exemplo para amigos e conhecidos.

      No entanto, com o decorrer dos anos, muitas coisas vão mudando. É muito mais comum do que se pensa o homem passar a relaxar com os deveres matrimoniais, evitando uma aproximação maior da sua companheira que o busca em vão. Esse é um dos sinais de que as coisas não vão bem e a tendência é piorar ainda mais. Se ela tiver uma auto-estima baixa, começará a se olhar no espelho para ver se encontra aonde está o seu defeito e aonde foi que errou , podendo até entrar em uma profunda crise depressiva. Se ela for mais confiante e segura de si, pensará em três possibilidades: Uma traição, uma doença que ele não quer revelar ou algum problema de natureza psicológica.

     Quando o relacionamento chega nesse ponto, é necessário que ela passe a observá-lo melhor para entender o cálculo dessa matemática sentimental e localizar a solução correta para esse problema em questão.

  Existem várias fórmulas para se analisar essa situação. Se paralelamente a diminuição da libido, o cara passa a ficar mais tempo na frente do espelho experimentando roupas ou em cima da balança conferindo se o peso foi alterado nas últimas semanas; se reclama muito que a casa está suja e a comida não presta; se anda muito estourado, com o pavio curto e cheio de melindres; se não tem conseguido dormir; se está com compulsão para comer e comprar tudo o que vê pela frente; se não está se sentindo bem mas não faz nada para melhorar o ânimo; se evita o diálogo e está sempre driblando a companheira na cama, nem sempre é indício de que ele possa ter algum envolvimento extra-conjugal. É preciso que a mulher tenha a coragem suficiente para abrir o armário e, sem ideias pré-concebidas, ver o que realmente tem em casa. Não é através dos gestos ou da voz que se identifica o problema. O maior sinal está nas atitudes.

    Há muitos homens que se sentem deslocados em vários setores da vida mas fazem todo o possível para não deixar transparecer esse mal-estar com medo da reprovação alheia. Às vezes, eles não têm mesmo noção nenhuma do que está acontecendo e somente os outros percebem ou desconfiam que algo não está bem. Mas, na grande maioria, eles sabem muito bem o que é mas jamais admitirão isso em público. Cabe a companheira, nessas circunstâncias, buscá-lo para uma conversa franca e oferecer ajuda. Não é de críticas que ele precisa. Ele espera compreensão, apesar de não pedir nada nesse sentido. E ela merece uma explicação plausível para, pelo menos, não ficar frustrada diante de tantas rejeições por parte do mesmo. Nesses relacionamentos, o sentimento prevalece mas não é compatível com a verdadeira natureza do homem. Por isso, ele se sente dividido entre a sua família e o que realmente ele é e deseja. Por um lado, não quer perder o que construiu mas, por outro, não consegue ser feliz nem ter paz dessa maneira.

    A mulher passa a perceber que o universo masculino é muito mais amplo do que se imagina e que o homem perfeito não existe. O que ela quer e precisa não é o tipo mais lindo e charmoso que possa existir; não é o que abre a porta para ela passar; não é o que se oferece para carregar as suas compras; não é o que se lembra de ligar para saber como ela está; não é o que manda flores e se recorda das datas mais especiais; não é o que sussurra poesias ao seu ouvido; não é o que abre mão do jogo na TV ou a rodada de cerveja com os amigos para ficar com ela no aconchego do lar; não é o que fala com doçura nem o que a olha com ternura. Esse tipo é o que mais provavelmente poderá vir a causar grandes decepções. Nem sempre o homem perfeito aparentemente será capaz de proporcionar à mulher uma vida cheia de amor e plena de tranquilidade.

                                       Elisabeth Souza Ferreira

 

 

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