sábado, 30 de janeiro de 2021

SENTINDO-SE DIFERENTE

 

                                    


          Não é fácil sentir atração, amor, paixão ou sabe-se lá o que mais por uma pessoa do mesmo sexo.  No início é quase impossível declarar abertamente o sentimento que vem surgindo, crescendo e brilhando à medida em que o ser que ama se encontra com o ser amado sem antes conhecer bem o terreno em que está pisando, sob pena de passar por ridículo, alvo de chacota pública, agressões, ódio ou compaixão por parte de terceiros que não entendem a complexidade das relações humanas. As pessoas de fora ainda encaram os relacionamentos que fogem aos padrões convencionais como uma doença ou opção. Pensam que as pessoas que agem dessa forma estão simplesmente forçando a natureza para serem o que não são. O que não é verdade. As pessoas são como são e não do jeito que os outros gostariam que elas fossem.  Sendo assim, nada poderá ser feito para mudar tal situação. Não existe religião, medicamento, tratamento de choque, internação, diálogo ou o diabo a quatro que possa reverter essa condição. Existem muitos pretensos seres que prometem milagres nessas circunstâncias mas essa possibilidade está descartada. A única coisa que pode fazer  com que um homossexual deixe de sofrer é a própria aceitação como tal.  A pessoa humana precisa se conhecer – o auto-conhecimento é o primeiro passo. A aceitação é o segundo. E o terceiro é se amar a si mesmo.

          O medo e a confusão de sentimentos são normais. São obstáculos que estão a frente de todos os que se sentem diferentes. São pedras que precisam ser removidas. A insegurança causada pelos transtornos mentais (sou, não sou) é uma verdadeira guerra interior que todos têm que travar consigo mesmos. Pouco a pouco, ela poderá ser substituída por uma segurança inabalável, pela paz e tranquilidade de quem ascendeu ao pico mais alto da compreensão íntima depois de vencer a dor inerente a todos que ainda não se descobriram. Pode levar muito tempo para a pessoa se conscientizar da sua orientação sexual. É preciso silenciar e ouvir o que o seu coração tem a dizer – por quem ele bate mais forte – para que lado se sente mais inclinado – o que mais gosta de fazer. As respostas para todos os questionamentos íntimos estão a sua frente, saltando aos seus olhos. Só não verá se não quiser. Demore o tempo que tiver que demorar, todo homossexual sabe desde a mais tenra infância que é diferente dos modelos que lhe são apresentados pelo mundo no dia-a-dia. A solução para esse problema está guardada nas dobrinhas da sua consciência. Portanto, já que essa não é uma tarefa fácil, deixar cair a ficha e se assumir para si mesmo é o primeiro passo. Não há necessidade de sair gritando às ruas para todos ouvirem. É importante que cada um se preserve , se resguarde. Não é preciso fazer de cara com que os outros saibam da sua vida particular que é tão sagrada quanto a de qualquer outro indivíduo. É bom ir com calma, procurando se conhecer cada vez mais. Assumir em público a sua homossexualidade é a última etapa. Deixe para fazer isso quando estiver seguro e feliz, amando e sendo amado.  De preferência, una-se a alguém que seja igual a você. Deve ter muita cautela porque há muitos heterossexuais  que se aproximam dos homossexuais para matar a curiosidade, para ter novas sensações na vida, como uma fonte diferente de prazer.

          É raro ver alguém que ama de verdade, que se entrega com paixão, que está presente na sua totalidade, que tem sentimentos verdadeiros e não sabe fingir num relacionamento. E é quando brota o amor que essa natureza mais nobre e evoluída explode e se revela na  forma de um grande talento. O homossexual possui uma alma cheia de arte. Dizem que não tem nada a ver mas, o segredo do sucesso está na sensibilidade fora do comum. Essa sensibilidade já nasce com ele e o orienta a calar, a esconder, a cobrir e proteger a sua inclinação desde pequenino.

          E é um longo caminho – há muito sofrimento antes de encontrar a paz tão desejada. O principal é aprender a ser você mesmo. Aceite-se!

                                     Elisabeth Souza Ferreira

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