Não é fácil
sentir atração, amor, paixão ou sabe-se lá o que mais por uma pessoa do mesmo
sexo. No início é quase impossível
declarar abertamente o sentimento que vem surgindo, crescendo e brilhando à
medida em que o ser que ama se encontra com o ser amado sem antes conhecer bem
o terreno em que está pisando, sob pena de passar por ridículo, alvo de chacota
pública, agressões, ódio ou compaixão por parte de terceiros que não entendem a
complexidade das relações humanas. As pessoas de fora ainda encaram os
relacionamentos que fogem aos padrões convencionais como uma doença ou opção.
Pensam que as pessoas que agem dessa forma estão simplesmente forçando a
natureza para serem o que não são. O que não é verdade. As pessoas são como são
e não do jeito que os outros gostariam que elas fossem. Sendo assim, nada poderá ser feito para mudar
tal situação. Não existe religião, medicamento, tratamento de choque,
internação, diálogo ou o diabo a quatro que possa reverter essa condição.
Existem muitos pretensos seres que prometem milagres nessas circunstâncias mas
essa possibilidade está descartada. A única coisa que pode fazer com que um homossexual deixe de sofrer é a
própria aceitação como tal. A pessoa
humana precisa se conhecer – o auto-conhecimento é o primeiro passo. A
aceitação é o segundo. E o terceiro é se amar a si mesmo.
O medo e a
confusão de sentimentos são normais. São obstáculos que estão a frente de todos
os que se sentem diferentes. São pedras que precisam ser removidas. A
insegurança causada pelos transtornos mentais (sou, não sou) é uma verdadeira
guerra interior que todos têm que travar consigo mesmos. Pouco a pouco, ela
poderá ser substituída por uma segurança inabalável, pela paz e tranquilidade
de quem ascendeu ao pico mais alto da compreensão íntima depois de vencer a dor
inerente a todos que ainda não se descobriram. Pode levar muito tempo para a
pessoa se conscientizar da sua orientação sexual. É preciso silenciar e ouvir o
que o seu coração tem a dizer – por quem ele bate mais forte – para que lado se
sente mais inclinado – o que mais gosta de fazer. As respostas para todos os
questionamentos íntimos estão a sua frente, saltando aos seus olhos. Só não
verá se não quiser. Demore o tempo que tiver que demorar, todo homossexual sabe
desde a mais tenra infância que é diferente dos modelos que lhe são
apresentados pelo mundo no dia-a-dia. A solução para esse problema está
guardada nas dobrinhas da sua consciência. Portanto, já que essa não é uma
tarefa fácil, deixar cair a ficha e se assumir para si mesmo é o primeiro
passo. Não há necessidade de sair gritando às ruas para todos ouvirem. É
importante que cada um se preserve , se resguarde. Não é preciso fazer de cara
com que os outros saibam da sua vida particular que é tão sagrada quanto a de
qualquer outro indivíduo. É bom ir com calma, procurando se conhecer cada vez
mais. Assumir em público a sua homossexualidade é a última etapa. Deixe para
fazer isso quando estiver seguro e feliz, amando e sendo amado. De preferência, una-se a alguém que seja
igual a você. Deve ter muita cautela porque há muitos heterossexuais que se aproximam dos homossexuais para matar
a curiosidade, para ter novas sensações na vida, como uma fonte diferente de
prazer.
É raro ver
alguém que ama de verdade, que se entrega com paixão, que está presente na sua
totalidade, que tem sentimentos verdadeiros e não sabe fingir num
relacionamento. E é quando brota o amor que essa natureza mais nobre e evoluída
explode e se revela na forma de um
grande talento. O homossexual possui uma alma cheia de arte. Dizem que não tem
nada a ver mas, o segredo do sucesso está na sensibilidade fora do comum. Essa
sensibilidade já nasce com ele e o orienta a calar, a esconder, a cobrir e
proteger a sua inclinação desde pequenino.
E é um longo
caminho – há muito sofrimento antes de encontrar a paz tão desejada. O
principal é aprender a ser você mesmo. Aceite-se!
Elisabeth Souza Ferreira
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